Notícias
Exposição Gravura e Deriva: impressões de um mundo flutuante
A deriva é um conceito desenvolvido pelo filósofo e ativista político francês Guy Debord, que ganhou destaque na década de 1950 como uma estratégia revolucionária no movimento situacionista. Embora tenha surgido como uma forma de crítica social e política, a deriva também encontrou aplicação nas artes visuais, oferecendo uma abordagem alternativa à criação artística e à experiência urbana, sendo, em essência, um método de exploração e experiência do ambiente urbano que busca romper com a lógica e a organização pré-estabelecidas. Segundo Debord, a sociedade moderna é caracterizada pelo espetáculo, um sistema que aliena os indivíduos e os mantém afastados de sua própria essência. A deriva, então, é uma tentativa de se desviar dessas estruturas e recuperar a liberdade e a autenticidade perdidas.
A prática da deriva envolve caminhar sem um objetivo definido, permitindo que o ambiente dite o curso da exploração. É uma forma de psicogeografia, em que o espaço físico é explorado com base nas emoções, sentimentos e subjetividades dos indivíduos, onde este indivíduo está para a observação atenta das paisagens urbanas, o encontro com o acaso e o desvio dos caminhos convencionais.
A deriva também encontrou aplicação nas artes visuais, principalmente na arte contemporânea, onde os artistas buscam romper com as normas estabelecidas e criar novas formas de interação com o público. Um exemplo notável da aplicação da deriva nas artes visuais é o movimento Fluxus, surgido na década de 1960. Os artistas Fluxus propuseram ações e performances que desafiavam as noções tradicionais de arte e rompiam com as barreiras entre o artista e o público. Ao adotar a deriva como método, eles buscavam criar situações imprevisíveis e espontâneas, estimulando uma nova consciência e interação com o ambiente.
Além disso, a deriva nas artes visuais também pode ser vista em instalações e intervenções urbanas. Artistas como Banksy e Ai Weiwei utilizam a deriva para explorar os espaços urbanos e criticar o sistema político e social. Suas obras muitas vezes surgem de forma inesperada, desafiando as normas e estimulando o questionamento e a reflexão.
Reunidos em duplas ou trios, os alunos / artistas deveriam produzir gravuras, a partir de derivas realizadas pelo grupo. A técnica de impressão foi deixada livre, e a gravura deveria ser o ponto central e objetivo final da deriva, afim de termos um “produto” criativo palpável. Ainda, as derivas deveriam ser registradas em foto e / ou vídeo, afim de se criar um conjunto de documentos sobre a ação. É com este grupo de obras que apresentamos a exposição “Gravura e Deriva”, resultado dos trabalhos finais das turmas de Gravura 2, onde os artistas em formação tiveram a oportunidade de trabalhar com vários tipos de processos de gravação, incluindo gravura com matrizes experimentais.
Prof. Daniel da Hora
Curador
/ Serviço /
Exposição “Gravura e Deriva”
Período: 21 de julho a 26 de agosto
Galeria Lavandeira - CCTA / UFPB
/ Artistas /
Ana Araújo
Ana Lima
Aurie
Carol Fogaça
Cures
Daniel da Hora
Fabricio Nascimento
Ícaro Demetrius
Iann Wilker
Giulia Assis
Jeff Santos
João Victor
Joyce Ellen
Kamyla
Krysna Melo
Letícia Paschoalick
Livya Ramalho
Loly Albuquerque
Luci Andrade
Marina Roque
Maya Oliveira
Raiara Monteiro
Ray Torres
Venari
Shirley Carvalho
Thiago Silva
Thierry de Lima
Thuania Carvalho
Vitu
Yasmin Formiga
/ Montagem / Equipe LAG / Equipe Lavandeira /
Cures, Daniel da Hora, Giana Sobreira, Lóren Stayner, Livya Ramalho, Luci Andrade, Mafaldo Jr., Maya Oliveira, Thierry de Lima e Vitória Formighieri.