Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > Alunos de jornalismo são premiados por produção de documentário
conteúdo

Notícias

Alunos de jornalismo são premiados por produção de documentário

“Gasolina”, produzido por quatro discentes, foi premiado na Bahia
publicado: 03/11/2023 11h49, última modificação: 03/11/2023 11h49

Quatro alunos do curso Jornalismo da UFPB - André Firmino, Cris Honório, Luiz Filho e Ricardo Félix - produziram um documentário chamado “Gasolina” para a sala 221, um projeto da disciplina de Oficina de Telejornalismo, sob a orientação da professora Fabiana Siqueira, e ele foi um dos premiados na Mostra Audiovisual de Curtas da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) que aconteceu no Campus I da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em Salvador, entre os dias 18 e 20 de outubro. Os estudantes que produziram essa obra conversaram com o DEJOR e contaram como foi toda essa experiência de produzir algo sobre um tema tão atraente: o amor. Segue a entrevista: 

 

DEJOR: De quem foi a ideia para o conteúdo desse documentário? E como foi o processo de produção de um produto que trata de um tema tão tocante como é o amor?

LUIZ: A ideia do documentário foi construída coletivamente. Eu sugeri falarmos sobre sexualidade, mas com o passar do tempo fomos amadurecendo o projeto e chegamos às diferentes formas de amor. Fizemos algumas reuniões para discutir referências e ideias. E esse foi um processo que mexeu com a gente também. Queríamos mostrar as diversas formas de amor, fugindo do que é tradicionalmente visto no jornalismo, na busca por fugir de normas cisgêneras, heterossexuais e monogâmicas. Foi um presente que as fontes compartilharam conosco, ter acesso a essas histórias foi muito especial. O projeto do vídeo performance também surgiu em nossas reuniões. Tivemos a ideia de chamar Luis Gabriel e Artur, estudantes de dança, por já conhecer a arte deles e o trabalho, para ajudar a gente nesse processo e ficou incrível. Passamos um dia todo de gravações no Sabadinho Bom falando com as pessoas, buscando relatos, histórias até que não chegaram ao produto final, mas que nos tocaram. Deu trabalho, exatamente por nos propormos a fazer algo além do tradicional. A ideia sempre foi produzir algo que pudesse ultrapassar as barreiras da disciplina e da universidade e chegasse a cada vez mais pessoas. É uma mensagem potente que as pessoas contam, e ter elas ali é também resistência em um período em que tentam atacar direitos de pessoas lgbtqiapn+. Em todo esse processo, a orientação da Professora Fabiana foi algo que nos auxiliou a construir um produto coeso e que nos permitiu acessar esse prêmio.

 

DEJOR: Vocês tomaram como exemplo algum documentário já existente ou foi uma produção original?

CRIS: Quando a gente fala do que a gente pensou enquanto referência para criar esse documentário, acho que a principal foi um trabalho do “Baco Exu do Blues”, onde ele gravou um vídeo e várias pessoas pretas falavam sobre amor e sobre essa complexidade do que era o entendimento de amor por essas pessoas, porque elas acabaram tendo uma vivência bem difícil e estruturalmente. Pessoas pretas acabam passando por essas questões de encontrar barreiras no ato de ser amado, e por conta disso, dar amor e entender o amor era difícil, por nunca ter recebido isso de fato. E aí esse vídeo trazia vários relatos de histórias de pessoas pretas contando sobre isso. Gasolina, um documentário que fala sobre amor, precisa também englobar essas complexidades, a gente precisa trazer histórias diversas e principalmente de pessoas em que o amor não foi destinado pela sociedade na cabeça delas, como pessoas pretas, pessoas LGBTQIA, então esse trabalho do Baco Exu do Blues foi uma das principais referências, mas se for para falar também de uma referência mais subjetiva, o grupo naquele momento estava passando por diversas experiências, então cada um estava passando por um momento de sua vida também relativo ao amor, então a partir dali a gente começou a ter reflexões de que o amor podia ser vários. Coisas de como ele vem se transformando ao longo dos tempos e pensar isso, a partir das nossas vivências, a partir das nossas subjetividades, do que cada um estava vivenciando no momento, inclusive tinha gente do grupo na época se separando de relações também, então isso tudo fortaleceu muito uma reflexão a partir de uma ótica mais poética do que a gente poderia trazer ali, uma ótica poética diversa, múltipla, do que poderia ser o amor e trazer várias pessoas de identidades diferentes e de gêneros diferentes, raças, falando sobre isso.

 

DEJOR: Vocês já tinham como objetivo, antes da produção, submeter o documentário ao prêmio? E quando ganharam, qual foi a sensação pra vocês?

ANDRÉ: Desde o início da disciplina, nosso propósito era criar um produto que fosse exposto também fora da UFPB, o que incluía os festivais, mas não especificamente essa mostra. Acredito que a maior sensação foi de trabalho realizado, porque mostra que realmente temos um bom produto. É claro também que a gente não pode esquecer quem ele representa e o quão importante é levantar a discussão que propomos para fora da UFPB.

 

DEJOR: Por que o nome “Gasolina” para o documentário?

RICARDO: O nome Gasolina surgiu a partir de uma fala de um personagem. A gente perguntou a ele o que seria o amor para ele, ele inicialmente não soube responder, então a gente fez a outra pergunta, a gente perguntou o que não seria o amor. A partir daí ele começou a desenvolver, a falar o que não seria o amor, só que em determinado momento dessa fala ele disse que o amor para ele seria como gasolina, que a partir de um momento ia acender tudo e ia permitir que a pessoa transmutasse, incendiasse. E foi nesse momento que a gente pensou: “esse relato é muito massa”. E aí a gente se juntou para pensar um pouco sobre o documentário, juntar música, ver trilha sonora. E também tem a música de Teto Preto Gasolina que também relacionava um pouco com o assunto que a gente queria falar sobre as questões e as formas de amor e juntou com a fala dele, então a partir desse relato, dessa música e também entra um pouco do conceito que cada um falava sobre amor, tem muito a ver sobre a questão de incendiar, de se transmutar, de ter essa experiência então o nome Gasolina do documentário surge a partir desse relato.

 

DEJOR: Como foi obter esse tipo de reconhecimento de um produto feito por vocês, alunos de jornalismo?

CRIS: Ter ganhado uma premiação como essa para a gente significa muito porque acho que tudo começa dentro da universidade. A universidade é um divisor de águas. Ela é quem abre portas para você começar a ter as suas primeiras experiências e, principalmente, a Universidade Federal traz ali na sua pedagogia essa questão mais humanizada, que prepara para a vida. Então você passa ali ao longo dos quatro anos, no nosso caso, no curso de Jornalismo, aprendendo não só teoria, mas sobre outras vivências também. E ganhar um prêmio enquanto estudante ainda dá esperança para a gente continuar fazendo outros trabalhos dentro e fora da Universidade. E, sem a Universidade, isso não teria sido possível. Foi um trabalho completamente criado dentro de uma disciplina, na disciplina de. Oficina de telejornalismo, inclusive a gente agradece muito a professora Fabiana Siqueira por todo o processo de orientação, a gente ia levar o trabalho, editava, tentava implementar mais alguma coisa ali pra dar mais sentido ao nosso trabalho, então a gente acredita que a universidade foi primordial pra isso e ganhar um prêmio ainda enquanto estudante só incentiva e impulsiona a fazer outros trabalhos e acreditar também no que pode vir por aí pra cada um, pra toda equipe, individualmente e coletivamente.

 

Para assistir “Gasolina”, clique aqui.