Pinturas do Artista Ernani Machado na Galeria de Arte Lavandeira CCTA | UFPB
A Galeria de Arte Lavandeira do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) abre a exposição Individual de Ernani Machado com curadoria de Gabriel Bechara. A abertura é no dia 25 de julho de 2017, às 19h00, na Galeria de Arte Lavandeira no campus universitário.
A exposição permanecerá em cartaz no período de 25/07 a 10/08/2017. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 21h00, com entrada aberta ao público.
(Texto de Marta Penner) Você se lembra de quando começou a desenhar? Quando era criança, como construiu suas formas, saídas das garatujas de rabiscos aleatórios? Não pense que esta é uma pergunta dirigida aos que ‘sabem desenhar’ ou aos ‘artistas'. Todos desenhamos e pintamos desde a mais tenra idade. Depois, talvez, isso fique esquecido e relegado a uma experiência quase insconsciente, não sistematizada para os parâmetros dos processos de inibição e regulamentação, aos quais nossos corpos, mentes e almas são submetidos durante nossa vida escolar.
Posso dizer que tive o privilégio de poder compartilhar, junto a Ernani, da rememoração do seu processo de criação de imagens por meio do desenho, iniciado ainda em sua infância. Sempre foi um exímio desenhista, Desenhava a pedido de adultos e crianças: cavalos, pessoas, cursos, objetos, cenas, letras…Desenha sua existência e sua relação como o mundo. Como você aprendeu a desenhar? Você teve alguém que te ensinou? ‘Aprendi a desenhar na parede mofada de chuva da minha casa. Nas manchas de mofo via formas que seguiam da confusão, também no chão da calçada, nos muros descascados, nas manchas de café sobre a mesa. Sempre apareciam coisas que eu simplesmente via e organizava com as linhas do meu desenho'. Paul Klee e Michelangelo também falam, em seus diários, de suas experiências com as manchas de chuva que se transformavam em imagens.
A este fenômeno psicológico de natureza atávica damos o nome de pareidolia. Do grego para, que significa ‘junto de’ ou ‘ao lado de’, e eidolon, ‘imagem’, ‘figura’, ou ‘forma’. De acordo com as pesquisas do arqueostrônomo chileno Patrício Bustamante, o fenômeno da pareidolia é encontrado em diversas culturas ao redor do mundo e consiste na escolha dos locais sagrado para o assentamento de sua aldeias. Aqui, na América do Sul, os paleoíndios identificavam a forma de rostos femininos, masculinos e animais, nos relvas rochosos, e ali, ao pé dessas montanhas sagradas, habitadas por espíritos protetores, erguiam suas moradas.
Esta exposição traz uma série de pinturas cujas figura nascem do reconhecimento de formas em manchas de cor feitas aleatoriamente sobre o papel. Neste jogo pareidólico do revelar-se das forma, o artista nos leva a uma experiência singular pela qual a percepção sensível de linhas e manchas de cor nos leva do caos à figuração.