Apresentação acontece no próximo dia 15
No próximo dia (15), a Orquestra de Violões da Paraíba (OVPB) realizará um concerto em homenagem ao compositor Antonio José Madureira, músico brasileiro que desenvolveu obras dentro do chamado Movimento Armorial, que foi idealizado pelo escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna.
O Movimento Armorial surgiu na década de 1970 com a proposta de criar uma música erudita brasileira a partir das raízes populares da cultura nordestina, em diálogo com tradições ibéricas, indígenas e africanas.
O violinista e compositor potiguar Antonio José Madureira, conhecido como “Zoca”, foi fundador do Quinteto Armorial, grupo de papel central no movimento. O quinteto levou instrumentos populares como o pífano, a rabeca e a viola sertaneja às salas de concerto — espaços tradicionalmente reservados à música de tradição europeia e instrumentos sinfônicos.
Nos últimos anos, a obra de Madureira ganhou nova projeção com a publicação da coleção Antonio Madureira Armorial, em três volumes, que tem facilitado o acesso às partituras e incentivado novas interpretações por parte de estudiosos e amantes dessa música. O programa apresentado neste concerto da Orquestra de Violões da Paraíba (OVPB) é resultado de uma pesquisa realizada a partir desse material e conta com a colaboração do professor Erik Pronk, responsável pelas transcrições e adaptações elaboradas para a formação da Orquestra de Violões.
O concerto será realizado a partir das 19h30, na Sala de Concertos Radegundis Feitosa, localizada no bloco E do CCTA (campus I da UFPB, em João Pessoa). A entrada é gratuita, mas é aconselhável chegar com no mínimo meia hora de antecedência para garantir seu assento, pois o espaço está sujeito à lotação.
A música armorial
Foi uma das expressões artísticas do Movimento Armorial, idealizado na década de 1970 pelo escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna.
O movimento propunha a criação de uma arte erudita brasileira a partir das raízes da cultura popular nordestina, em diálogo com tradições ibéricas, indígenas e africanas.
Entre as fontes que inspiram essa música, destacam-se a cantoria de repente, o baião de viola, os aboios, benditos e incelenças, as bandas cabaçais e de pífano, os toques de rabeca, os frevos, maracatus, caboclinhos e o toré indígena, entre outras expressões da nossa vasta e rica cultura.
Repertório
O repertório presta homenagem a Zoca com adaptações inéditas de suas obras para orquestra de violões, incluindo a formação de um naipe de viola nordestina em ‘O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna’. Essa obra foi composta a partir da peça homônima de Ariano Suassuna, para teatro de mamulengo, baseada no folheto de cordel de Francisco Sales Árêda. A obra é dividida em quatro movimentos — Abertura, A Preguiça, A Troca dos Bichos e Ironia ao Rico — e, na adaptação da OVPB, conta com a presença marcante da viola nordestina.
Além disso, apresenta duas composições originais inspiradas na estética armorial: ‘Como Ariano Suassuna’, do maestro, trompetista e arranjador paraibano Rogério Borges; e ‘Embolando’, de Mateus das Neves, estudante do curso de Bacharelado em Música da UFPB e integrante da OVPB, inspirada na arte da embolada. Embolando dialoga com a embolada, forma popular de poesia cantada, marcada pelo acompanhamento do pandeiro. Nesta versão, a embolada é recriada para a formação da orquestra de violões, revelando novas possibilidades tímbricas e texturais.
Já a peça ‘Revoada’ foi inspirada no marimbau, instrumento popular recriado pelos armorialistas a partir do berimbau de lata. A obra explora células rítmicas repetitivas e uma sonoridade em “pirâmide”, evocando uma textura de caráter minimalista. O título foi dado pelo poeta Maximiano Campos, ao escutar a cadência final da música durante um ensaio do Quinteto Armorial, comparando-a a uma revoada de pássaros. Na versão da OVPB, todos os timbres são traduzidos ao universo do violão, com toques sutis de percussão.
O ‘Baque de Luanda’ é uma composição baseada em uma toada de maracatu recolhida por César Guerra-Peixe. Madureira recria os toques do maracatu e simula o som do berimbau no violão, evocando a musicalidade das culturas afro-brasileiras.
‘Estrela Brilhante’, originalmente escrita para violão solo, homenageia a Nação de Maracatu Estrela Brilhante do Recife. Na versão para orquestra, a obra incorpora técnicas percussivas ao violão, evocando os toques dos tambores do maracatu de baque virado.
A abertura do concerto fica a cargo do Duo Presepada, formado pelos violonistas Mateus das Neves e Valeria Schummann, ambos integrantes da OVPB, que interpretam composições autorais inspiradas na estética armorial e na cultura popular nordestina.
A ficha técnica do espetáculo está disponíveis ao fim desta matéria.
Para mais informações, acesse o perfil oficial da OVPB no Instagram!
Grupo convidado:
Duo Presepada – Mateus das Neves e Valeria Schumann
Carla Santos – Regente: É doutora em Música, subárea Educação Musical, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É mestre em Música pela Campbellsville University, nos Estados Unidos, e atualmente atua como professora do Departamento de Educação Musical da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Programa de Mestrado profissional em Artes (ProfArtes).
Erik Pronk – Arranjador, direção musical e produção: é professor do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde também concluiu a graduação em Música, com habilitação em Violão. Durante esse período, integrou o Quarteto de Violões da Paraíba.
Parte I - Duo Aralume (grupo convidado)
1 – PICUINHA (Mateus das Neves)
2 – YGARAPÉ (Mateus das Neves)
3 – CANUDEIA (Mateus das Neves)
4 – BAGACEIRA (Mateus das Neves)
Parte II – Orquestra de Violões da Paraíba (OVPB)
1 – COMO ARIANO SUASSUNA (Rogério Borges)
2 – REVOADA (Antonio Madureira - Arranjo: Erik Pronk)
3 – ESTRELA BRILHANTE (Antonio Madureira - Arranjo: Erik Pronk)
4 – BAQUE DE LUANDA (Antonio Madureira - Arranjo: Erik Pronk)
5 – O HOMEM DA VACA E O PODER DA FORTUNA (Antonio Madureira - Arranjo:
Erik Pronk)
6 – EMBOLANDO (Mateus das Neves)
FICHA TÉCNICA
Regência: Carla Santos
Direção musical e artística: Carla Santos e Erik Pronk
Produção: Carla Santos, Erik Pronk e Raphael Caserta
VIOLÃO I
- Samuel Alves (spalla)
- Erik Pronk
- Erick Richardson
VIOLÃO II
- Valéria Schuman
- Mateus das Neves
- Kauê Peregrino
VIOLÃO III
- Mariana Bulhões
- Danillo Wagner
- Ana Torres
VIOLÃO IV
- Slovik Gomes
- João Félix
- Ana Martel
- Reginaldo Venâncio
Percussão – a confirmar
- Vanildo Marinho
- João Victor Vieira
- David Henrique Rodrigues
- Talitta Leonillia
Equipe técnica e direção de palco:
Raphael Caserta (Técnico em Música);
Danillo Wagner, Erick Richardson, João Félix, Mateus das Neves, Slovik Gomes, Talitta Leonilia (Bolsistas do Projeto).
Sobre a OVPB
A Orquestra de Violões da Paraíba (OVPB) é um projeto de extensão do Departamento de Educação Musical (DEM) do CCTA/UFPB, coordenado pela professora Carla Santos e com coordenação adjunta do professor Vanildo Marinho, ambos do referido departamento.
A OVPB foi criada em maio de 1992, mas apenas em 2015 que a orquestra passou a funcionar como uma atividade de extensão do CCTA/UFPB. O objetivo do projeto é proporcionar um laboratório de prática de orquestra e do ensino da música, de modo a contribuir na formação de estudantes dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música, ambos ofertados pelo CCTA/UFPB.
Redação: Esther Sousa (bolsista da Extensão do CCTA) c/ informações da assessoria da OVPB
Edição: Débora Freire (jornalista no CCTA)
Arte: Afra de Medeiros
Data da publicação: 06/05/25